Momentos

Ensino à Distância

Estratégias de reinvenção do Ensino

Como se adapta uma Educadora que tem no seu currículo muitos anos a abraçar crianças, a um ensino tecnológico e digital feito de distância física?

Vivemos tempos de exceção. O espaço diminuiu drasticamente e o tempo diluiu-se nos inúmeros afazeres diários. O quotidiano deixou de ter marcas temporais e não nos damos mais conta se chove ou se faz sol.Entre novas realidades, como horários de recolher obrigatório, impedimento de circulação entre muitas outras, fica-nos o gostinho amargo das experiências que não se viveram, os abraços que não se deram, a família que não se visitou e os amigos que não encontrámos.
Tempos de exceção implicam medidas de exceção. A pandemia colocou à prova a extraordinária capacidade que o ser humano tem de se adaptar às situações. Até mesmo ao inimaginável cruzamento entre um filme de ficção científica de terceira categoria e uma obra de George Wells. As crianças são o expoente máximo desta adaptação e flexibilidade. É incrível a sua capacidade de abraçar com os olhos e de ver para além das máscaras. Absolutamente inspirador.

Resiliência é a palavra que invadiu as nossas casas sem pedir permissão. Neste cenário, como lidar com o Ensino à Distância no enquadramento da Educação pré-escolar que é feita de proximidade? Eu explico: reinventando permanentemente o processo de ensino-aprendizagem. Ajustando. Criando. Evoluindo. Avançando.
Na minha experiência pessoal, tentei dar lugar ao novo e retirar tudo o que não fazia sentido. De uma forma literal, finalmente dei ouvidos ao meu filho mais velho que insistia há algum tempo que o meu fiel portátil era uma valiosa peça apreciada em qualquer museu! Filhos (!?) exasperam-nos, mas também nos chamam à realidade. Foi altura de integrar as críticas e andar para a frente. As pessoas evoluem, se assim o desejarem, as coisas não. O portátil velhinho foi guardado e um novo computador com um leque diversificado de potencialidades entrou em cena. Depois foi preciso aprender algumas funcionalidades neste “admirável mundo novo”, tarefa fácil para qualquer professor que se preze.
Outros desafios se seguiram. O Ensino à Distância tem, à partida duas questões incontornáveis: Está demasiadamente longe para os educadores que querem chegar a cada criança e, demasiadamente perto para os pais que tentam uma junção utópica, estilo 3 em 1, pais, profissionais e professores na mesma pessoa e ao mesmo tempo. Receita para o fracasso inevitável e para dias cinzentos.
Este universo implica a necessidade absoluta de não pressionar a frágil dinâmica familiar em tempo de pandemia. É imperativo não fazer parte do problema. Forçoso fazer parte da solução. É importante enviar planos estruturados, flexíveis que se ajustem a diferentes famílias, dinâmicas e crianças. As atividades deverão potencializar momentos prazerosos de interação familiar. As diversas linguagens da arte e as múltiplas inteligências deverão estar inscritas em cada plano de sugestões. É preciso estimular a criatividade, a tranquilidade e o otimismo.

Neste Ensino à Distância não basta estar presente tem que se ser presente. Devemos estar à distância de um ecrã, de um telefonema. O feedback tem de ser quase imediato. A nossa prática é alimentada pelas imagens e vídeos de crianças sorridentes e concentradas, empenhadas na realização das atividades que pais zelosos nos enviam diariamente. O diálogo flui criando uma proximidade reinventada.

A aprendizagem como experiência positiva exige, ainda, a potencialização da gestão de emoções. A formação pessoal e social é uma área transversal, meta educativa e condição absolutamente indispensável em tempo de confinamento.O desafio é de unir as emoções, a singularidade humana aos ganhos tecnológicos e digitais. A Educação deve conciliar o melhor dos dois mundos: o potencial das ferramentas tecnológicas e o poder da linguagem dos afetos que transcende os espaços e os tempos. Como defende Richard Bach “entre o aqui e o agora não crês que nos poderemos ver uma ou duas vezes?”

A Escola nunca mais será a mesma. Acredito que poderá sair mais forte e coesa se conseguir integrar a revolução tecnológica destes dias e o poder educativo dos afetos de sempre. Julgo que, depois da pandemia, a humanidade já não considerará de forma leviana a força do abraço. Construiremos a próxima escola com o que aprendemos nesta. Quero acreditar que sim, se a tanto nos ajudar “o engenho e a arte”.


Educadora

Anabela Valente

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