Momentos

Escola em Tempos de Pandemia

O desafio que vivemos atualmente é grandioso a todos os níveis, e a escola, um contexto que privilegia determinados valores e princípios, viu-se compelida a integrar um processo de reinvenção.
À medida que o tempo avança possuímos cada vez mais conhecimento relativamente ao vírus, e neste sentido, também as nossas práticas em contexto educativo, se vão ajustando conforme as indicações científicas que surgem.
Em maio, quando regressámos à escola, o desconhecimento era maior e o receio de integrar uma realidade diferente, colocava bastantes dúvidas e receios.
O início deste ano letivo contemplou um conjunto de novos procedimentos, alusivos a medidas de segurança, que gradualmente foram sendo interiorizados no nosso quotidiano, de forma espontânea.
Contudo, apesar das máscaras, dos cuidados de segurança e das novas condutas, o essencial da escola não se alterou. A matriz da afetividade e proximidade não desvaneceu, não foi substituída e é o elemento basilar da nossa ação.
A reflexão perante o tempo presente, acentua a relevância destes valores e do reconhecimento da nossa postura enquanto agentes educativos, que perante as diversas adversidades e obstáculos, permanecem atentos ao que efetivamente é imprescindível na educação. O afeto, a proximidade, a atenção, o apoio, o respeito, a partilha, a intenção, o conhecimento, a experiência, a concretização, o crescimento, a valorização, estes aspetos e muitos mais, são o nosso foco.
Finalizo esta consideração com um relato na primeira pessoa, de uma vivência de isolamento profilático, que ilustra esta situação, apontando dificuldades, constrangimentos e estratégias.

1. Como é que o vosso / a filho / a reagiu (comportamentos / posturas / atitudes) ao período de isolamento?

“Antes de explicar o comportamento do meu filho durante o período de isolamento, é importante perceber como ele é no dia-a-dia, e num período dito normal.
É um miúdo muito feliz, sempre bem-disposto. Adora sair à rua e conviver com crianças e adultos, com cães e gatos. Basta ter alguém a dar-lhe conversa. É simples. Ele gosta de ser livre.
Quando soubemos que tínhamos de ficar em casa, em isolamento profilático, o nosso T3 virou infantário, local de trabalho, a casa onde estamos juntos e dormimos. Foi difícil gerir tanta energia que o nosso filho tinha diariamente e que não conseguia gastar, foi difícil gerir o trabalho com a atenção que lhe tínhamos de dar constantemente. Começou a fazer mais birras, a chorar mais e a ficar impaciente, a querer estar sempre no sofá a ver TV. Queria apenas alguém que lhe desse atenção. Já nem gostava de ler. Estava tão alterado e triste por não ver ninguém, que até para dormir era difícil. Era muita energia acumulada. Mas o segredo estava na nossa calma, compreensão e tentar mostrar que estávamos ali para ele, e que ninguém tinha culpa da situação. Juntos ultrapassámos o desafio”.

2. Comparativamente com o primeiro período de confinamento, que teve o seu início em março, verificaram algumas alterações no modo como o / a vosso / a filho / a reagiu a este momento que viveram presentemente? Se sim, quais?

“Relativamente aos comportamentos, foi igual. Apenas existem diferenças devido à idade. Em março falámos numa criança que nem sequer andava, para encontrar, agora, uma criança que anda, fala, corre, e que percebe muito mais as coisas. Mas de resto, tudo igual. As birras, o acumular de energia, a frustração de não ver ninguém”.


3. De que modo conseguiram estabelecer uma rotina diária, atendendo às necessidades inerentes à faixa etária do / a vosso / a filho / a?

“Sabíamos mais ou menos os horários dele. No dia anterior, eu e o meu marido planeávamos o dia seguinte, as horas das reuniões que tínhamos e geríamos da melhor maneira o tempo com ele. Sabíamos que a seguir ao almoço era a hora de dormir”.

4. Quais foram as principais dificuldades sentidas no tempo de isolamento, relativamente à privação com a realidade exterior e consequentemente na alteração repentina da rotina diária?

“Foi saber que ele não estava bem e que não conseguíamos fazer muito mais do que fazíamos. Sempre que estava bom tempo, íamos para a varanda almoçar, apanhar um pouco de ar, ver as pessoas a passar na rua. Mas é difícil ver uma criança desta idade ser privada de brincar com outras crianças, de correr e ser livre. Basicamente, de ser criança. A maior dificuldade foi mesmo gerir num espaço confinado a 4 paredes tudo o que temos no dia-a-dia”.


5. Como é que ocorreu o regresso do / a vosso / a filho / a ao contexto educativo e à sua rotina diária?

“No primeiro dia de regresso à escola, chorou e chorou. Parecia que já não conhecia ninguém, que tudo era estranho. Estava muito ligado a nós e ao seu T3. Mas depois viu a educadora e abraçou-a. E tudo ficou melhor. No segundo dia já era o nosso filho, feliz e contente”.


Educadora Rita Oliveira


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